Queremos nossos professores respeitados, nossa cultura e juventude vivas!

Nota da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura

 

Nós, Pontos, Pontinhos e Pontões de Cultura do Brasil, assistimos com horror o cenário de massacre dos professores e servidores públicos realizado pelo governador Beto Richa em 29 de abril. Centenas de pessoas feridas por simplesmente lutarem por seus direitos, que tem sofrido todo tipo de ataques do governo paranaense.

 

Assim como os professores paranaenses, docentes de outros estados também estão em greve pela garantia e ampliação de direitos trabalhistas e condições de trabalho: São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco, Paraíba e Pará. Várias cidades também estão com seus professores em greve, como Macapá (AP), Betim (MG) e Maceió (AL).

 

A cultura e a educação podem e devem andar juntas. É por acreditarmos na importância fundamental da educação que nos posicionamos favoráveis às demandas dos professores de todo o país e contrários a qualquer tipo de repressão policial ou midiática aos grevistas.

 

Em um cenário de crise econômica internacional devemos unir forças para que a educação e a cultura sejam vistas pelos governos como estruturantes para uma saída desta crise. Ambas as áreas são importantíssimas para a construção de um futuro melhor para o povo.

 

É no diálogo e parceria entre pontos de cultura e instituições educacionais que poderemos construir uma educação libertadora, que alie desenvolvimento econômico, social, cultural e humano. Só assim teremos um país que alie estas áreas respeitando nossa diversidade e os direitos humanos.

 

Temos hoje o Congresso Nacional mais conservador em décadas, que não hesita em se utilizar deste momento delicado para  retirar direitos. Temos graves ameaças com o projeto de lei que amplia a terceirização e projetos que ameaçam os direitos humanos e a nossa tradição cultural ancestral.

 

Reiteramos nossa defesa dos povos e comunidades tradicionais de matriz afro-brasileira e indígena, que têm sido ameaçados por projetos de lei retrógrados, inconstitucionais e extremistas que vão contra diversos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

 

Rechaçamos os projetos de lei e deputados que buscam diminuir a redução da maioridade penal. Não é com mais encarceramento que diminuiremos a violência! Dados mostram que a reincidência de pessoas oriundas do sistema socioeducativo é consideravelmente menor do que de pessoas oriundas do sistema penal. Ou seja: colocar os jovens nestas prisões que são verdadeiras “faculdades do crime” só irá piorá-los e, consequentemente, levar a sociedade a mais violência.

 

Precisamos é de mais cultura nas escolas e mais escolas nos Pontos de Cultura, para trabalhar desde cedo na juventude uma cultura de não violência e de respeito ao próximo. Para aqueles que cometerem crimes, precisamos de um sistema socioeducativo que não tenha uma lógica punitiva, mas sim que efetivamente reintegre estes jovens à sociedade. Para isto a educação e a cultura tem se mostrado muito eficazes quando corretamente aplicadas nas unidades socioeducativas.

 

Queremos nossos professores respeitados, nossa cultura e juventude vivas!

 

Comissão Nacional dos Pontos de Cultura

05 de maio de 2015